População Estônia: 1.340.000
População Tallinn: 400.000
População Tartu: 102.000
População Võru: 14.500
População Pärnu: 45.000
Quantas vezes já não deparamos com uma situação onde estávamos convictos de algo e uma situação inesperada permitiu ver as coisas por outro ângulo?
Quantas vezes não encontramos uma pessoa que parecia ser estranha, mas provou ser bacana?
Quantas vezes a primeira impressão foi a que não ficou?
A primeira impressão que se tem na Estônia é a de um país com fortes resquícios do combalido comunismo soviético. Apesar do forte desenvolvimento econômico recente comparável à China e que lhe rendeu o rótulo de país do leste europeu de maior sucesso na transição para o capitalismo os sinais de uma ex-república socialista soviética ainda se fazem presente. Seja pelas moradias com blocos de apartamentos quadrados e cinza, além das casas de aparência antiga e assustadora. Seja pelas construções de arquitetura russa simples e fria. Seja pela presença numerosa e convivência forçada com os russos, os invasores mais recentes deste pequeno país.
A Estônia já fez parte do império sueco e com a guerra entre suecos e russos passou a ser parte do império soviético até 1918 quando declarou independência. Obviamente a independência e o desligamento do império russo não foi algo aceito pacificamente. Com o advento da Segunda Guerra Mundial a Estônia foi novamente afetada invadida e ocupada pelos russos em 1940. Seguida então pela invasão alemã em 1941. A Alemanha de Adolf Hitler no começo até chegou a ser bem recebida, pois estavam expulsando os russos, mas foi uma questão de tempo para perceberem que a intenção alemã não era promover a liberdade. A ocupação germânica teve fim em 1944 com o enfraquecimento do nazismo no fronte leste e avanço das tropas de Stalin rumo ao oeste. Com a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas a independência voltaria somente em 1991.
No ar existe uma certa tensão constante. Os russos não conseguem entender porque os estonianos não são gratos a eles por libertarem do horror nazista, apesar de durante o período soviético muitos estonianos serem enviados para campos de concentração na Sibéria. Já os estonianos alguns são indiferentes, outros isolam socialmente os russos. Fato é que a grande maioria dos pobres na Estônia é composto por russos, assim como a presença nas páginas policiais é praticamente espaço exclusivo russo dominado por Ivan's, Igor's, Dmitri's e companhia.
Os resquícios do passado recente estão ali ainda. Marcas ainda mais antigas também. O centro velho de Tallinn, principal atração turística da Estônia, apresenta um conjunto de arquitetura medieval composto por muros e torres que datam do período em que o Brasil era residência exclusiva dos indígenas. Tão impressionante preservação das construções erguidas para defender Tallinn de invasores que até parece que foi erguida recentemente com o intuito de atrair turistas com a promessa de que aquilo é medieval e original.
Fora do olhar do turista convencional a vida local é surpreendente. Nunca esperei que os resquícios do sócio-comunismo se aproximasse tanto do capitalismo apesar da eterna oposição. A necessidade de um carro para se locomover, a presença de inúmeros shopping centers (obviamente a quase totalidade dos shopping centers surgiram após a adoção do capitalismo através de investimentos externos, porém o que chama a atenção é a cultura de fazer compras em um lugar, no shopping ao invés de comércio de rua), desenvolvimento urbano horizontal e disperso. Além da programação televisiva entupida de enlatado americano (seriados e filmes) que com legendas e sem dublagem ajuda os estonianos a desenvolverem o inglês.
O sócio-comunismo pregava a igualdade dos indivíduos, a cooperação mútua para a vida coletiva harmoniosa, logo é mais do que natural esperar que esse senso de coletividade e respeito esteja enraizada na cultura local certo? Ledo engano. Cá aqui entre nós os estonianos parecem criaturas que só recentemente começaram a se civilizarem. Não é normal esbarrar em alguém na rua e pedir desculpa. Também não é normal jovens sentados nos ônibus levantarem para idosos sentarem. Quando a pessoa tropeça e cai no chão não é de se esperar um "você está bem?", mas sim risadas. Descrevendo desta forma parece uma calamidade e injustificável que uma sociedade como essa consiga se desenvolver. Assim como a Estônia apresenta surpresas negativas ela apresenta também surpresas positivas. No exame PISA da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o aprendizado nas áreas de idioma, matemática e ciências que o sistema escolar proporciona a Estônia já despontra entre os primeiros colocados superando a maioria dos países desenvolvidos. A cultura das pessoas
está mudando muito rapidamente. Provavelmente a próxima geração estará alinhada com os europeus ricos do centro e oeste. Diferente do Brasil que parou no tempo e vive uma deterioração moral onde anormalidades viram banalidades, na Estônia dá para sentir que as mudanças estão e irão acontecer. É um país que pode ser chamado de país em desenvolvimento literalmente. É uma questão de tempo para deixar de ser rotulado como país de mão de obra barata.
TEMPO. É preciso tempo para rever suas primeiras impressões sobre Estônia. A mesma cidade que abriga muros e torres medievais também abriga uma das bases do Skype, empresa que está alterando o setor de telecomunicações no mundo. O tempo transformará Tallinn em outra cidade da que é atualmente sem dúvida. Então as impressões terão de ser revistas novamente e a primeira impressão é a que não fica(rá).
Brasil até na Estônia. Alguém quer levar o Ronaldo para casa como lembrança de Tallinn?
Teeme Ära - evento de coletar lixo da natureza. Prazer de ter participado da primeira edição do evento que contou com a participação do presidente da república. Excelente exercício de cidadania. Abaixo show de encerramento.
TARTU - cidade universitária
Maior e mais tradicional universidade da Estônia fundada pelo rei da Suécia Gustavus Adolphus em 1632.
Quarto onde os estudantes universitários que quebravam as regras cumpriam penitência.
VÕRU - A cidade mais reflexiva da viagem.
O que realmente precisamos nesta vida para sermos felizes?
Eis a pergunta que mais me ocupava em Võru.
PÄRNU - Capital do verão, cidade praia
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