domingo, março 06, 2005

CADE O MEU DINHEIRO?

Na metade da década de 90 a carga tributaria representava 28% do PIB, passados 10 anos representa 36% do PIB, mais do que um terço da renda interna. Os impostos são apropriações de parte da renda do país utilizados para financiar as atividades do governo (federal, estadual e municipal). Da receita de impostos e contribuições (R$ 352,1 bilhões em 2004) deve-se descontar gastos como despesas correntes, despesas de pessoal e investimentos. As despesas com benefícios do INSS que somavam R$ 66,2 bi em 95 no ano passado atingiram R$ 124,7 bi. Serviços como educação, saúde e transporte que são fundamentais para todo cidadão também fazem parte do setor publico e dependem de recursos oriundos das taxas. Enfim, tudo que falei até este ponto faz parte daquela imagem maravilhosa que temos em mente quando pagamos impostos, eis alguns exemplos:
“Estou financiando a educação daqueles que não tem condição de pagar”.
“Estou financiando boas ruas, avenidas e rodovias ao pagar o IPVA”.
“Estou pagando a taxa de luz e do lixo na cidade de São Paulo, mas em compensação teremos ruas limpas e iluminadas”.
Bem a realidade não é tão perfeita assim concorda? A educação é lamentável. O Brasil sustenta números impressionantes tanto de analfabetos quanto da composição social das melhores universidades gratuitas. Se em uma ponta (educação fundamental) o que é gratuito e para todos é de baixa qualidade na outra ponta (educação superior) temos um governo empenhado em investir milhões para um grupo seleto de pessoas que estão acostumados a sempre terem estudado nas melhores escolas privadas. É como tentar ganhar um campeonato marcando gol contra. Já o IPVA e outras contas voltadas para a infra-estrutura mal preciso comentar. Não conseguimos mais viver sem aquela pitada de buracos nas ruas. E para finalizar a linha de pensamento as taxas criadas pela “dona” Marta andam meio que sem justificativas digamos. Marta deixou uma conta de luz de R$ 31 milhões não pagas à AES Eletropaulo. A(paguem) as luzes!!! E o lixo será um grande desafio para a cidade de São Paulo que uma simples taxa não resolverá.
Vamos pensar mais um pouco.
A carga tributaria brasileira tem aumentado tanto recentemente para alimentar o crescimento da maquina publica e para pagar os juros da dívida. O governo recolhe de nós cidadãos e empresas e parte vai para si e parte para os credores internacionais.
Vamos discutir um pouco sobra a parte que fica para o governo. Para planejar direitinho o governo realiza todo fim de ano o realista orçamento. Dando uma olhada no orçamento federal de 2004 temos uma comparação entre o que foi previsto e passado o ano o que foi gasto efetivamente. Boa parte dos gastos foi com custeio e pessoal. Os investimentos responderam por incríveis 1,51% dos gastos do governo. Ele cortou 2/3 do que havia previsto justamente dos investimentos. O que era previsto como quase nada virou 1/3 de quase nada. Enfim, o governo precisa reduzir os gastos com pessoal e racionalizar os gastos com custeio para poder investir mais na sociedade, mas isso é como uma dieta, todo mundo olha, gosta, acha interessante, mas são poucos aqueles que realmente colocam em pratica.
Agora vamos examinar a parte dos juros ou dos credores. Segundo o economista Paulo Rabello de Castro o governo pagou em juros no ano de 2003 pouco mais de R$ 150 bi, em 2004 aproximadamente R$ 128 bi e a previsão é para 2005 pagar um pouco mais de R$ 150 bi. Simultaneamente como destacou Jânio de Freitas na Folha de S. Paulo, 24 meses atrás a divida do governo era de R$ 623 bi e hoje está em R$ 812 bi!!! Ops??? Contribuímos cada vez mais, o governo paga cada vez mais e a divida continua crescendo cada vez mais? Quando isso vai mudar nem Mãe Diná sabe prever, mas como isso acaba todos fazem idéia. Não sei onde esses bilhões de juros estão indo, só sei que não estão nas escolas das nossas escolas, nas estradas e ruas deste país e muito menos está gerando luz, mas está indo para o lixo.
Para finalizar não gostaria de ficar somente na posição de critico. Sugiro a todos que visitem o site www.contribuintecidadao.com.br, descobrirão através deste excelente trabalho da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que pagamos mais de 50% em impostos e trabalhamos mais de 3 meses por ano para o governo. Acredito que somente a conscientização levará a alguma mudança na sociedade. Por onde andaria aquele trocado que pagamos em impostos? Como diz constantemente o presidente da ACSP: “Pago, logo exijo!”.

Ruy Hirano, 20, estudante de administração.

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