segunda-feira, março 28, 2005

BENCHMARKING UNIVERSITÁRIO

No ultimo texto escrevi sobre a falta de transparência na administração tanto em empresas quanto na FGV. Passei esse agradável feriado pesquisando por informações sobre outras instituições de ensino que são consideradas referências mundiais pela sua excelência. Embora os sites geralmente sejam bem simples, eles apresentam relevantes informações. Para minha surpresa não foi nada difícil encontrar material para esta pesquisa.
Darei grande destaque para as universidades norte-americanas que são consideradas mundialmente as mais avançadas não só na qualidade de ensino, mas principalmente no nível de gestão administrativa.
Começando pela renomada Harvard College é possível encontrar no site todo um conjunto de informações sobre a instituição. Analisando o Financial Report 2004 destaco os seguintes dados:
1) no ano de 2004 a Harvard College recebeu contribuições de US$592 milhões.
2) Objetivos para 2005: revisão continuada da undergraduate academic, avanço nas estratégias da College para garantir a atração de estudantes talentosos de todos os níveis econômicos e no nível de graduação, garantir aos estudantes que desejam trabalhar no serviço público não tenham esse desejo impossibilitado por questões financeiras
3) Contas auditadas pela PricewaterhouseCoopers:
a) Ativo total = US$60.05 bi
b) Passivo total = US$33.11 bi
c) Receita total = US$2.597 bi
d) Despesa total = US$2.560 bi
e) Fluxo de Caixa = (US$342,22 mi)
4) do presidente Lawrence Summers: “We must realize the maximum benefit from our existing resources by directing them to the areas of our highest priority and ensuring that we operate in a financially responsible manner. In order to advance these common goals, the University community—faculty, staff, alumni, and students—must continue to work together to use our resources wisely. In doing so, I am hopeful that we can build an even stronger and brighter future for this great university.”

Outras instituições de ensino como The University of Texas at Austin, The University of Tokyo, Sydney University, London Business School e Technische Universität Berlin também apresentam dados financeiros de suas instituições na internet. Na América Latina até mesmo a Universidad de Buenos
Aires apresenta relatório com suas contas.

Finalizando com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) é possível encontrar informações sobre as finanças embora um pouco atrasado na atualização. É possível detectar que no ano fiscal de 2003 as receitas foram da ordem de US$1,66 bilhão e as despesas totais operacionais US$1,69 bilhão.

No Paraguai nem a Universidad Autônoma de Asuncion nem a Universidad Nacional de Asuncion apresentam dados financeiros assim como a Universidad Mayor de San Andrés e Universidad Católica Boliviana na Bolívia.

Será que estamos no mesmo nível de transparência administrativa dos paraguaios e bolivianos? Pior do que a Argentina?

Aproveito a oportunidade para mencionar um estudo do MIT patrocinado pelo BankBoston que mostra o impacto econômico dos estudantes do MIT. “Se as companhias fundadas pelos alunos do MIT fossem uma nação, o faturamento delas fariam dessa nação a 24ª maior economia do mundo. As 4000 companhias empregam 1,1 milhão de pessoas e tem vendas anuais de US$232 bilhões. Isso é aproximadamente um PIB de US$116 bilhões, um pouco menor do que o PIB da África do Sul e maior do que o PIB da Tailândia.”
As companhias-MIT são caracterizadas como empresas baseadas no conhecimento. A maioria trabalha na área de software, manufatura (eletrônica, biotecnologia, máquinas) ou consultoria. Essas empresas têm um papel muito relevante na região onde estão localizadas, pois ao mesmo tempo vendem seus produtos para o mundo, trabalham com tecnologia avançada e empregam mão-de-obra altamente qualificada. Algumas dessas companhias que se destacam pelo número de empregados são: Hewlett-Packard Co., Rockwell International, Raytheon Co., McDonell Douglas, Campbell Soup Co., Intel Corp. e Gillette Co..
Aproximadamente 150 novas companhias-MIT são fundadas todo ano. Na pesquisa foi questionado como o estudo no MIT influenciou na decisão de começar uma nova companhia. Todos concordaram que o MIT os encorajou a serem risk-takers. Eis o depoimento de um ex-aluno:
“Let me try to give you my personal perspective about “risk-taking”. I think it is a combination of several different factors. I knew I was not going to work for big companies when I was about to leave MIT. I would rather take the risk of failure than the risk of becoming nobody. There must be many alumni who felt the same way I did. MIT offers great mentors (professors) and more
opportunities (professors’ consulting/research activities) for students to test the water in establishing their own businesses. MIT exposes students to cutting edge technologies and new ideas. It probably is easier to explore business potential of these new ideas and technologies as entrepreneurs. It seems to be quite natural that MIT becomes a cradle of entrepreneurs.”
Existem 52 companhias-MIT na América Latina, das quais 8 estão no Brasil.

“Educação é a única coisa que nos restará quando tivermos esquecido tudo o que aprendemos.” B.F. Skinner, 1964.

Ruy Hirano, 20, estudante de administração.

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