segunda-feira, fevereiro 22, 2010

PARIS, França - J'aime Amelie, j'aime Paris.


Durante meses escutava de vários viajantes sobre Paris e os franceses. Assim como Paris parecia estar na rota de (quase) todos os viajantes, havia um consenso acerca da simpatia, ou falta dela por parte dos franceses. Essa característica e outras semelhantes acerca da personalidade dos franceses, não me era novidade, aliás tão famoso quanto a torre Eiffel, o museu do Louvre, os vinhos e os queijos franceses é a fama dos franceses. Basta uma frescura, ser um tanto rude, arrogante que surge um "ele(a) parece frances(a)", se for realmente alguém da nacionalidade francesa então as pessoas só ficam aguardando um vacilo para falarem ou pensarem "aí, tinha que ser francês".


Em Estocolmo, na véspera da viagem para Paris, comecei a ficar preocupado. O nível de reclamações e os relatos de uma péssima experiência e impressões ficaram mais intensos e severos. Todo brasileiro volta falando que adorou Paris, mas digamos assim que os brasileiros não são um bom parâmetro, já que se trata de um povo que não consegue viver sem filas, congestionamentos e Big Brother.


A Paris que tinha em minha mente é a Paris de Amelie Poulain: romântica, sonhadora, artística e com charme e descrição. Uma Paris com franceses altamente politizados, cultos e carregando a sua baguete debaixo do braço com uma garrafa de vinho na mão. Por causa de Amelie a Paris do meu imaginário era muito positiva, diante daquele bombardeio de referências negativas fiquei até instigado ou estimulado a procurar uma passagem, voar para a cidade mais visitada por turistas no MUNDO!!! Aproximadamente 16 milhões de pessoas visitam a Cidade Luz por ano!


Ao longo dos meses de viagem pouco foram os franceses a cruzarem o meu caminho para eu formar uma opinião, conceito ou estereótipo desse povo. OK, a grande maioria dos franceses que eu vi eram homem e estilo bicho-grilo, logicamente esses não poderiam ser o retrato de um típico francês.


Literalmente na busca da Paris de Amelie Poulain visitei os locais que serviram de pano de fundo e set de filmagem para o filme. Fui como um detetive buscar a Paris de Amelie:

ROMÂNTICA


Não achei Paris romântica, mas ainda sim romântica. Me explico. Paris é uma cidade onde se imagina um casal a namorar pelo rio Sena, mas difícil de sentir esse romantismo quando se viaja sozinho com uma mochila enorme nas costas. Contudo é impossível não ver a beleza e se apaixonar pelo labirinto de ladeiras no bairro de Montmartre, pelas ruas plainas cheias de museus, parques, jardins, pelos detalhes da porta da catedral de Notre Dame.


SONHADORA

A Paris sonhadora encontrei na noite da cidade, que apesar de seus milhões de habitantes vão dormir todos muito cedo para quem se acostumou com o ritmo 24 horas de São Paulo. Uma Paris deserta que somada com a escuridão da noite e as luzes da cidade luz evoca uma Paris medieval, sombria, talvez gótica, mas não assustadora. Passeio pela madrugada de Paris proporciona visões oníricas, como um sonho acordado.


E quando acordado acostumar os olhos com a pobreza que afeta aqueles num país tão rico e desenvolvido. Berço da revolução Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.

Ainda assim o sonho de um bem sucedido sistema público de bicicletas, o sistema Velib! Basta inserir um cartão de crédito em um "totem", alguns minutos para o processamento dos dados e pronto, bicicleta liberada para 1 hora de uso. Basta devolver a bicicleta em qualquer outra estação e sem restrições de reutilização do sistema.


ARTÍSTICA

A Paris de Amelie foi a cidade mais artística da viagem, os inúmeros museus exibindo todas as formas de arte, do clássico ao contemporâneo, na arquitetura moderna no bairro de La Defense, no grafiti impressionante nos veículos, nos inúmeros cinemas que colocam os parisienses entre os cidadãos do mundo que mais assistem filme por ano, nas inúmeras livrarias que os transformam em um dos maiores leitores, a arte nos mínimos detalhes que diferenciam cada estação de metro.



CHARMOSA E DISCRETA

A Paris de Amelie também é charmosa, porém discreta. Nada simboliza isso melhor do que sua referência mais famosa, a torre Eiffel.


Ela é grande e alta, porém não enorme, nada exagerada. Suas formas e curvatura que convergem ao centro lhe confere um charme que a transforma em bela e única entre as inúmeras torres espalhadas pelo mundo.

A cidade de Paris abriga inúmeros milionários e afortunados, contudo não se transformou em um show de extravagâncias. Sempre escutei que viajar para Paris era a oportunidade de ver como as pessoas lá são charmosas, se vestem bem. Não é mentira, mas é necessário fazer um mea culpa, pois a renda, ainda que das classes sociais inferiores, é elevada. Se as pessoas em São Paulo tivessem uma renda mínima equivalente ao salário mínimo francês não duvido que as pessoas se vestiriam bem melhor e melhorariam o seu nível cultural.


Encontrei a Paris de Amelie como imaginava, e muito melhor, só encontrei franceses alegres, muitíssimos educados, dispostos a ajudar. Muitos me falaram depois que tive a sorte de encontrar os únicos franceses educados e gentis da França e não "esbarrar" com nenhum típico francês. Algo como ganhar na MegaSena. Está aí mais um adjetivo para a Paris de Amelie, para a minha Paris, além de tudo ela ainda dá sorte.