Caros amigos(as) e colegas, vocês não estão delirando. É isso mesmo, existe no Brasil um “país” onde as pessoas são mais desenvolvidas e vivem em melhores condições do que os suíços. As pessoas são altamente qualificadas e têm uma remuneração equivalente ou superior ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos países mais desenvolvidos. Inclinando um pouco para a minha veia nacionalista, existe um Brasil que funciona, dá certo e mostra que o que hoje é uma ilha de prosperidade pode em breve se transformar em um continente.
O índice de desenvolvimento humano, o IDH como é mais conhecido, é utilizado pelas Nações Unidas para mensurar as realizações médias de um país em três áreas do desenvolvimento humano: “uma vida longa e saudável, medida pela esperança de vida à nascença; conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de escolarização bruta combinada dos ensinos primário, secundário e superior; e um padrão de vida digno, medido pelo PIB per capita em dólares PPC (paridade do poder de compra).” (fonte: relatório do desenvolvimento humano 2004).
Quanto mais o IDH se aproximar de um, mais desenvolvido é o país. A Noruega lidera o ranking com 0,956, seguido por Suécia, Austrália, Canadá, Holanda, Bélgica, Islândia, Estados Unidos, Japão e, para concluir os top 10, a Irlanda. O Brasil aparece na posição 72 como desenvolvimento humano médio. No final da fila estão Guiné-Bissau, Burundi, Mali, Burkina Faso, Niger e Serra Leoa.
Portanto o IDH leva em consideração três critérios: expectativa de vida, renda e escolaridade. Com base nisso e em dados do IBGE, o professor de Economia do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marcelo Paixão chegou às seguintes conclusões:
1) O IDH dos judeus brasileiros supera o IDH da Noruega;
2) O IDH dos descendentes de orientais (japoneses, coreanos e chineses) é similar ao do Japão.
Para explicar esses dados impressionantes destaco a importância que a educação tem na vida de judeus, japoneses, coreanos e chineses. Dos judeus acima dos 25 anos de idade, 63% deles estão cursando ou já concluíram o ensino superior. No ritual de passagem da vida infantil para a adulta (bar mitzvá) os judeus aos 13 anos precisam ler a Torá, se não eles ficarão em Neverland onde continuarão sendo criança. Com relação aos asiáticos há uma mistura de valorização da educação, com meritocracia, disciplina e respeito ao professor.
Não quero aqui defender supremacia e superioridade racial, muito pelo contrário, acredito que esses exemplos demonstram que mesmo em um país desacreditado como é o Brasil é possível ter uma vida que supera a dos japoneses, norte americanos e alemães. Com a novela América que está no ar na Rede Globo, está na moda o tema imigração. São milhares de pessoas que anualmente “tentam a sorte” nos países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos e Japão, seja por razões financeiras ou por causa da violência local.
Oriundo do estado de Mato Grosso atual líder nacional na produção de soja, algodão e um dos principais produtores pecuários e de outros cultivos vejo os avanços do agronegócio como exemplo do potencial brasileiro. Têm grande destaque na mídia nacional e internacional os frutos da riqueza produzida na região. Impressionante consumo de aviões, máquinas agrícolas de 500.000 reais cada, carros importados, etc. As cidades esbanjam escolas públicas de qualidade, hospitais onde ninguém fica jogado nos corredores, esgoto e água potável para quase a totalidade da população. Infelizmente o que não mostram é a coragem e a ousadia de empreendedores originários em sua grande maioria do sul do Brasil. Enfrentaram elevadíssimos riscos que qualquer um analista de crédito de banco classificaria como capital perdido, mas principalmente acreditaram no país, acreditaram que poderiam criar riqueza no solo pobre e ácido do cerrado. Sequer existia na época semente adequada para a área a ser cultivada, a terra era imprópria para praticamente qualquer cultivo e os recursos para investir eram escassos.
Os ganhos de produtividade em tão curto prazo hoje impressionam o mundo todo, mas o que realmente importa é o aumento da qualidade de vida da população daquela região. A agropecuária brasileira já está começando a ser chamada como celeiro do mundo e figura entre as potências. Com tantos problemas que surgem na mídia elas nos fazem acreditar que vivemos no pior país no mundo, mas é preciso acreditar no Brasil e não só assumir os problemas como também enfrenta-los com criatividade e vontade.
Para encerrar gostaria de contar uma história triste que teria um fim diferente em qualquer país desenvolvido do mundo. O desenvolvimento de um país está na atitude do povo que a constitui e não apenas em números, como diria o Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry.
O pedreiro que inovou no combate à seca
Foi transportando diariamente no lombo de um burro 90 litros de água que Manuel Apolônio de Carvalho teve a idéia de construir um modelo de cisterna popular, mais barata e resistente, para captar a água da chuva e armazenar num tanque. Após 50 anos de sua invenção, o projeto de cisternas proporciona água para centenas de milhares de pessoas que moram no Semi-Árido nordestino.
Desde cedo, ele aprendeu a se adaptar à dura realidade da seca. Para garantir a água de sua família e irmãos, Apolônio viajava seis horas por dia até o riacho mais próximo de sua casa. Em busca de um futuro melhor, decidiu aos 17 anos tentar a sorte em São Paulo. Enfrentou dias de viagem num “pau de arara” — caminhões precários que transportavam os migrantes —, chegou à capital e começou a trabalhar como servente de pedreiro na construção de piscinas.
Após quatro meses na cidade, tempo suficiente para dominar a técnica da construção de piscinas, Apolônio decidiu voltar para a Bahia com a roupa do corpo e uma idéia na cabeça: a piscina que servia de lazer aos paulistas abastados serviu também de inspiração para Apolônio criar um sistema simples que ajudou a combater o complicado problema da seca de sua região. “Descobri que tinha criado um meio de ganhar dinheiro e também de ajudar as pessoas que sofriam”, afirma.
A principal diferença entre as cisternas tradicionais e a criada por Apolônio está na técnica de construção. Ao invés de utilizar formato quadrado com estrutura de pedra e cal, ele criou uma cisterna redonda, estruturada em placas pré-moldadas de cimento. Com esse processo, a cisterna pode ser construída de forma mais rápida e com um custo inferior.
Bastou Apolônio construir a primeira cisterna, na casa de um amigo de seu pai, para a idéia ganhar força em sua comunidade — a água da chuva era captada do telhado da casa e armazenada num tanque. Três anos após a primeira obra, ele já havia construído cerca de 400 cisternas em diversas regiões do Semi-Árido. A partir daí o negócio cresceu, e Apolônio montou uma equipe para construir cisternas por todos os Estados do Nordeste. “Cheguei a ter 70 empregados e perdi a conta de quantos cisternas construímos”, orgulha-se.
O sistema criado por Apolônio ganhou popularidade e, com o passar dos anos, começou a ser utilizado por organizações públicas e privadas. Na mesma medida em que as cisternas se popularizavam, Apolônio foi perdendo clientes, até ser engolido por empreiteiras maiores. Hoje, vive com dificuldade com sua esposa e três filhas. “Recebi homenagens de ministros e do governo, mas o que eu quero hoje é apenas um dinheiro pra poder comer”. Atualmente com 68 anos, o inventor das cisternas diz sofrer de problemas de saúde e não ter dinheiro para pagar um tratamento adequado.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
O índice de desenvolvimento humano, o IDH como é mais conhecido, é utilizado pelas Nações Unidas para mensurar as realizações médias de um país em três áreas do desenvolvimento humano: “uma vida longa e saudável, medida pela esperança de vida à nascença; conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de escolarização bruta combinada dos ensinos primário, secundário e superior; e um padrão de vida digno, medido pelo PIB per capita em dólares PPC (paridade do poder de compra).” (fonte: relatório do desenvolvimento humano 2004).
Quanto mais o IDH se aproximar de um, mais desenvolvido é o país. A Noruega lidera o ranking com 0,956, seguido por Suécia, Austrália, Canadá, Holanda, Bélgica, Islândia, Estados Unidos, Japão e, para concluir os top 10, a Irlanda. O Brasil aparece na posição 72 como desenvolvimento humano médio. No final da fila estão Guiné-Bissau, Burundi, Mali, Burkina Faso, Niger e Serra Leoa.
Portanto o IDH leva em consideração três critérios: expectativa de vida, renda e escolaridade. Com base nisso e em dados do IBGE, o professor de Economia do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marcelo Paixão chegou às seguintes conclusões:
1) O IDH dos judeus brasileiros supera o IDH da Noruega;
2) O IDH dos descendentes de orientais (japoneses, coreanos e chineses) é similar ao do Japão.
Para explicar esses dados impressionantes destaco a importância que a educação tem na vida de judeus, japoneses, coreanos e chineses. Dos judeus acima dos 25 anos de idade, 63% deles estão cursando ou já concluíram o ensino superior. No ritual de passagem da vida infantil para a adulta (bar mitzvá) os judeus aos 13 anos precisam ler a Torá, se não eles ficarão em Neverland onde continuarão sendo criança. Com relação aos asiáticos há uma mistura de valorização da educação, com meritocracia, disciplina e respeito ao professor.
Não quero aqui defender supremacia e superioridade racial, muito pelo contrário, acredito que esses exemplos demonstram que mesmo em um país desacreditado como é o Brasil é possível ter uma vida que supera a dos japoneses, norte americanos e alemães. Com a novela América que está no ar na Rede Globo, está na moda o tema imigração. São milhares de pessoas que anualmente “tentam a sorte” nos países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos e Japão, seja por razões financeiras ou por causa da violência local.
Oriundo do estado de Mato Grosso atual líder nacional na produção de soja, algodão e um dos principais produtores pecuários e de outros cultivos vejo os avanços do agronegócio como exemplo do potencial brasileiro. Têm grande destaque na mídia nacional e internacional os frutos da riqueza produzida na região. Impressionante consumo de aviões, máquinas agrícolas de 500.000 reais cada, carros importados, etc. As cidades esbanjam escolas públicas de qualidade, hospitais onde ninguém fica jogado nos corredores, esgoto e água potável para quase a totalidade da população. Infelizmente o que não mostram é a coragem e a ousadia de empreendedores originários em sua grande maioria do sul do Brasil. Enfrentaram elevadíssimos riscos que qualquer um analista de crédito de banco classificaria como capital perdido, mas principalmente acreditaram no país, acreditaram que poderiam criar riqueza no solo pobre e ácido do cerrado. Sequer existia na época semente adequada para a área a ser cultivada, a terra era imprópria para praticamente qualquer cultivo e os recursos para investir eram escassos.
Os ganhos de produtividade em tão curto prazo hoje impressionam o mundo todo, mas o que realmente importa é o aumento da qualidade de vida da população daquela região. A agropecuária brasileira já está começando a ser chamada como celeiro do mundo e figura entre as potências. Com tantos problemas que surgem na mídia elas nos fazem acreditar que vivemos no pior país no mundo, mas é preciso acreditar no Brasil e não só assumir os problemas como também enfrenta-los com criatividade e vontade.
Para encerrar gostaria de contar uma história triste que teria um fim diferente em qualquer país desenvolvido do mundo. O desenvolvimento de um país está na atitude do povo que a constitui e não apenas em números, como diria o Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry.
O pedreiro que inovou no combate à seca
Foi transportando diariamente no lombo de um burro 90 litros de água que Manuel Apolônio de Carvalho teve a idéia de construir um modelo de cisterna popular, mais barata e resistente, para captar a água da chuva e armazenar num tanque. Após 50 anos de sua invenção, o projeto de cisternas proporciona água para centenas de milhares de pessoas que moram no Semi-Árido nordestino.
Desde cedo, ele aprendeu a se adaptar à dura realidade da seca. Para garantir a água de sua família e irmãos, Apolônio viajava seis horas por dia até o riacho mais próximo de sua casa. Em busca de um futuro melhor, decidiu aos 17 anos tentar a sorte em São Paulo. Enfrentou dias de viagem num “pau de arara” — caminhões precários que transportavam os migrantes —, chegou à capital e começou a trabalhar como servente de pedreiro na construção de piscinas.
Após quatro meses na cidade, tempo suficiente para dominar a técnica da construção de piscinas, Apolônio decidiu voltar para a Bahia com a roupa do corpo e uma idéia na cabeça: a piscina que servia de lazer aos paulistas abastados serviu também de inspiração para Apolônio criar um sistema simples que ajudou a combater o complicado problema da seca de sua região. “Descobri que tinha criado um meio de ganhar dinheiro e também de ajudar as pessoas que sofriam”, afirma.
A principal diferença entre as cisternas tradicionais e a criada por Apolônio está na técnica de construção. Ao invés de utilizar formato quadrado com estrutura de pedra e cal, ele criou uma cisterna redonda, estruturada em placas pré-moldadas de cimento. Com esse processo, a cisterna pode ser construída de forma mais rápida e com um custo inferior.
Bastou Apolônio construir a primeira cisterna, na casa de um amigo de seu pai, para a idéia ganhar força em sua comunidade — a água da chuva era captada do telhado da casa e armazenada num tanque. Três anos após a primeira obra, ele já havia construído cerca de 400 cisternas em diversas regiões do Semi-Árido. A partir daí o negócio cresceu, e Apolônio montou uma equipe para construir cisternas por todos os Estados do Nordeste. “Cheguei a ter 70 empregados e perdi a conta de quantos cisternas construímos”, orgulha-se.
O sistema criado por Apolônio ganhou popularidade e, com o passar dos anos, começou a ser utilizado por organizações públicas e privadas. Na mesma medida em que as cisternas se popularizavam, Apolônio foi perdendo clientes, até ser engolido por empreiteiras maiores. Hoje, vive com dificuldade com sua esposa e três filhas. “Recebi homenagens de ministros e do governo, mas o que eu quero hoje é apenas um dinheiro pra poder comer”. Atualmente com 68 anos, o inventor das cisternas diz sofrer de problemas de saúde e não ter dinheiro para pagar um tratamento adequado.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
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