Neste final de semana fez um mês que ocorreu no Rio de Janeiro o que foi intitulado como o “massacre na Baixada”. Em uma hora 30 pessoas foram assassinadas à bala em 11 locais das cidades de Nova Iguaçu e Queimados, municípios da Baixada Fluminense. Para se ter uma idéia essa foi a ação mais violenta desde o assassinato de 21 pessoas por policiais na favela de Vigário Geral em agosto de 1993. Novamente existem fortes indícios do envolvimento de policiais no caso. Desta vez eles estariam agindo como resposta a investigações determinadas pelos comandantes dos batalhões na Baixada Fluminense. Dias antes do massacre oito policiais foram presos acusados de matar duas pessoas, degolar uma delas e jogar a cabeça dentro do pátio do batalhão.
Das trinta pessoas que foram fuziladas pelo menos sete eram menores de 18 anos, dos quais seis tinha 15 anos ou menos. Uma das vítimas tinha ido ao bar pagar uma dívida de R$ 2, outro garoto foi morto na frente da mãe e um pai foi executado na frente da filha de quatro anos
Os participantes do massacre nem se preocuparam em esconder os rostos durante a ação. Segundo denúncias de moradores e especialistas esses grupos de policiais são grupos de extermínio que surgiram em julho de 1962 quando uma onda de saques durante uma greve geral deixou mais de 40 mortos e comerciantes de Duque de Caxias contrataram “vigilantes” para proteger seus negócios. Desde então alguns policiais fazem “hora-extra” para comerciantes e traficantes da região.
Detalhando o tour que o esquadrão fez as primeiras vítimas foram dois ciclistas que passavam pela rodovia Presidente Dutra, em seguida um cozinheiro que passava pela rua e depois dois travestis. Depois de passearem por um tempo decidiram passar em um bar e matarem mais nove e invadirem uma casa onde dois irmãos foram mortos na frente da esposa de um deles. No caminho mais dois foram mortos. Seguindo a viagem para Queimados, a cerca de 15 km de distância, resolveram fazer um pit-stop em um lava-jato onde até o centro foram mais três mortos. Passando em frente a um bar derrubaram mais cinco pessoas e fizeram outro pit-stop final onde outras quatro pessoas foram mortas. Nossa!!! Nem dá pra acreditar que isso aconteceu em duas cidades urbanas que juntas somam quase 950 mil habitantes. Parece até um relatório de algum soldado ianque no Iraque.
Nova Iguaçu e Queimados são dois típicos municípios que revelam o lado pobre deste país. A renda per capita mensal não passa de R$ 421 quando no Estado do Rio a média é de R$ 997. A média de anos de estudo beira os seis anos e o analfabetismo oficial gira em torno de 6%. Não quero estimular aqui o ódio contra aqueles que tem menos renda, educação e qualificação do que nós. Muito pelo contrário.
Vamos fazer uma breve reflexão:
Imaginem a cidade de São Paulo. Policiais decidem começar a “caçada” no parque do Ibirapuera matando dois ciclistas, depois passam pelo bairro de Moema e deixam mais três corpos na região e em seguida rumam para o centro da cidade na esquina da avenida São João com a Ipiranga, lá no badalado Bar Brahma e decidem matar mais seis fregueses. Seguindo o tour vão para a região de Higienópolis onde matam quatro “intelectuais” que descansavam na praça Boim, incansáveis passam pela FGV onde matam três pessoas (Deus me livre se for um professor, bata na madeira), e rumam para a cidade vizinha chamada Jardins. Entre freguesas da Oscar Freire e ademais pessoas endinheiradas ficam quatro pessoas no caminho apesar da maior concentração de seguranças por metro quadrado do país. Não poderia faltar uma balada na Vila Olímpia onde mais duas pessoas vão para o IML (Instituto Médico Legal) e para o gran finale todo o estilo na nova Villa Daslu onde seis donzelas seriam fuziladas. Pronto, por incrível que pareça consegui distribuir 30 mortes pela cidade de São Paulo. Agora imagine que isso tudo aconteça em 1 hora. Chega a ser inimaginável. Mas por que?
O presidente Lula somente se limitou a declarar o caso como um crime bárbaro e covarde e designou alguns ministros para o caso. Em seguida deu continuidade a sua agenda de viagens e preparativos para a eleição que se aproxima. Será que essa atitude seria a mesma se tivesse o crime ocorrido como inventei acima ou mesmo em Ipanema ou na Barra da Tijuca? Será que a repercussão na mídia seria a mesma que o massacre na baixada?
Para efeito comparativo veja a missionária americana Dorothy Stang que foi assassinada no norte do país. Repercutiu tanto na mídia e na sociedade que até mandaram o Exército pra região. Mas também tem o caso da morte por fome de alguns índios e isso no país do Fome Zero. Segundo o brilhante ministro da Saúde Humberto Costa o número de mortes naquela tribo está na média estatística de sempre, portanto está tudo bem.
Faz um mês que o massacre na baixada aconteceu e até agora vemos a repercussão do fato. As pessoas não conseguem parar de falar sobre isso. O ex-papa João Paulo deve até estar incomodado de como falam do maior massacre do Rio de Janeiro e não da sua morte e sucessão. Esse texto serve mais como um convite à reflexão de que antes de começarmos a pensar em pena de morte e cadeira elétrica, ou mesmo gastarmos rios de dinheiro na autodefesa blindando o carro ou erguendo grades e muros de dar inveja a qualquer castelo medieval, devemos considerar os brasileiros como seres humanos em sua essência independente da renda, cor ou aparência.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
Das trinta pessoas que foram fuziladas pelo menos sete eram menores de 18 anos, dos quais seis tinha 15 anos ou menos. Uma das vítimas tinha ido ao bar pagar uma dívida de R$ 2, outro garoto foi morto na frente da mãe e um pai foi executado na frente da filha de quatro anos
Os participantes do massacre nem se preocuparam em esconder os rostos durante a ação. Segundo denúncias de moradores e especialistas esses grupos de policiais são grupos de extermínio que surgiram em julho de 1962 quando uma onda de saques durante uma greve geral deixou mais de 40 mortos e comerciantes de Duque de Caxias contrataram “vigilantes” para proteger seus negócios. Desde então alguns policiais fazem “hora-extra” para comerciantes e traficantes da região.
Detalhando o tour que o esquadrão fez as primeiras vítimas foram dois ciclistas que passavam pela rodovia Presidente Dutra, em seguida um cozinheiro que passava pela rua e depois dois travestis. Depois de passearem por um tempo decidiram passar em um bar e matarem mais nove e invadirem uma casa onde dois irmãos foram mortos na frente da esposa de um deles. No caminho mais dois foram mortos. Seguindo a viagem para Queimados, a cerca de 15 km de distância, resolveram fazer um pit-stop em um lava-jato onde até o centro foram mais três mortos. Passando em frente a um bar derrubaram mais cinco pessoas e fizeram outro pit-stop final onde outras quatro pessoas foram mortas. Nossa!!! Nem dá pra acreditar que isso aconteceu em duas cidades urbanas que juntas somam quase 950 mil habitantes. Parece até um relatório de algum soldado ianque no Iraque.
Nova Iguaçu e Queimados são dois típicos municípios que revelam o lado pobre deste país. A renda per capita mensal não passa de R$ 421 quando no Estado do Rio a média é de R$ 997. A média de anos de estudo beira os seis anos e o analfabetismo oficial gira em torno de 6%. Não quero estimular aqui o ódio contra aqueles que tem menos renda, educação e qualificação do que nós. Muito pelo contrário.
Vamos fazer uma breve reflexão:
Imaginem a cidade de São Paulo. Policiais decidem começar a “caçada” no parque do Ibirapuera matando dois ciclistas, depois passam pelo bairro de Moema e deixam mais três corpos na região e em seguida rumam para o centro da cidade na esquina da avenida São João com a Ipiranga, lá no badalado Bar Brahma e decidem matar mais seis fregueses. Seguindo o tour vão para a região de Higienópolis onde matam quatro “intelectuais” que descansavam na praça Boim, incansáveis passam pela FGV onde matam três pessoas (Deus me livre se for um professor, bata na madeira), e rumam para a cidade vizinha chamada Jardins. Entre freguesas da Oscar Freire e ademais pessoas endinheiradas ficam quatro pessoas no caminho apesar da maior concentração de seguranças por metro quadrado do país. Não poderia faltar uma balada na Vila Olímpia onde mais duas pessoas vão para o IML (Instituto Médico Legal) e para o gran finale todo o estilo na nova Villa Daslu onde seis donzelas seriam fuziladas. Pronto, por incrível que pareça consegui distribuir 30 mortes pela cidade de São Paulo. Agora imagine que isso tudo aconteça em 1 hora. Chega a ser inimaginável. Mas por que?
O presidente Lula somente se limitou a declarar o caso como um crime bárbaro e covarde e designou alguns ministros para o caso. Em seguida deu continuidade a sua agenda de viagens e preparativos para a eleição que se aproxima. Será que essa atitude seria a mesma se tivesse o crime ocorrido como inventei acima ou mesmo em Ipanema ou na Barra da Tijuca? Será que a repercussão na mídia seria a mesma que o massacre na baixada?
Para efeito comparativo veja a missionária americana Dorothy Stang que foi assassinada no norte do país. Repercutiu tanto na mídia e na sociedade que até mandaram o Exército pra região. Mas também tem o caso da morte por fome de alguns índios e isso no país do Fome Zero. Segundo o brilhante ministro da Saúde Humberto Costa o número de mortes naquela tribo está na média estatística de sempre, portanto está tudo bem.
Faz um mês que o massacre na baixada aconteceu e até agora vemos a repercussão do fato. As pessoas não conseguem parar de falar sobre isso. O ex-papa João Paulo deve até estar incomodado de como falam do maior massacre do Rio de Janeiro e não da sua morte e sucessão. Esse texto serve mais como um convite à reflexão de que antes de começarmos a pensar em pena de morte e cadeira elétrica, ou mesmo gastarmos rios de dinheiro na autodefesa blindando o carro ou erguendo grades e muros de dar inveja a qualquer castelo medieval, devemos considerar os brasileiros como seres humanos em sua essência independente da renda, cor ou aparência.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
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