Vou contar um pouco da história de um fantástico brasileiro: Roberto Carlos.
Não, não é o rei que todo final de ano canta na Globo, nem o lateral esquerdo do Real Madrid e da nossa seleção. Esse é Roberto Carlos Ramos, mestre em pedagogia pela Unicamp, pós-graduado em literatura infantil pela Puc-MG e premiado como um dos dez maiores contadores de história da atualidade pela Associação Internacional de Contadores e Valorizadores da Expressão Oral, sediada nos Estados Unidos. Seu histórico durante a infância e a juventude não é das mais brilhantes: mais de uma centena de fugas da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de Minas Gerais, começou a usar cola aos 11, maconha anos depois e roubou nas ruas de Belo Horizonte. Sua vida até aquele ponto se resumia a: roubar, usar drogas, ir para a Febem, fugir de lá e roubar mais, respeitando sempre os idosos e as gestantes, segundo Roberto Carlos. Ele não sabia o que queria ser quando crescesse. Pensava que os maus tratos que recebia eram por não ter uma resposta correta para pronunciar. Um dia, resolveu falar, inspirado num filme, que queria ser astronauta. Sentiu-se feliz da vida ao notar que a professora, satisfeita com a declaração, prometeu encaminhá-lo para uma escola de astronautas. Chegando lá, deram-lhe uma enxada, algo muito diferente da nave espacial com que sonhou.
Rejeitado pela sociedade e sem nenhuma perspectiva sua vida estava destinada à morte violenta ou passar a vida em algum presídio, talvez até fazer amizade com o Fernandinho Beira-Mar. Passou a roubar tanto que até os idosos e as gestantes não escapavam mais, até mesmo em pleno Natal.
Na Febem ao ser analisado por “especialistas” recebeu a seguinte classificação: irrecuperável. Caso perdido, perda de tempo e de recursos. A vida de Roberto Carlos mudou quando ele conheceu uma pesquisadora francesa (Marguerit Duvas) que buscava conhecer melhor a maravilhosa Febem. Quando ela ficou sabendo que Roberto Carlos havia sido avaliado como caso irrecuperável ela não acreditou que era possível condenar uma pessoa tão jovem daquela forma. Acolheu o garoto na sua própria casa aqui no Brasil e ofereceu-lhe educação. Roberto Carlos, cidadão brasileiro, foi alfabetizado primeiro em francês e então aprendeu o português. A francesa percebeu que o comportamento do “irrecuperável” era diferente dos garotos “normais” da sua idade, então adaptou os professores particulares para maximizar o aprendizado de Roberto Carlos. Aprendeu a ler e a escrever em alguns meses, coisa que em 13 anos não tinha conseguido.
A gringa tinha a visão de que todos somos diferentes e que essas diferenças devem ser respeitadas, assim como todos devem ter chances para terem uma vida digna, não só através da esperança e da fé, mas principalmente através da educação. E em entrevista recente parece que Roberto Carlos aprendeu essa lição ao responder se ele acreditava em pessoas irrecuperáveis: “Não. O que existe na verdade são pessoas que não foram entendidas, amadas ou oportunizadas adequadamente. O que falta muitas vezes nessas instituições é um grande exercício de tolerância. Quando você trata com o coletivo e deixa de lado a individualidade, gera esses desastres que acontecem com as Febems e Funabems. No terceiro milênio, infelizmente estamos vivendo isso ainda. Algumas instituições acham que podem trabalhar com dois, três mil alunos. Eu era um número, o 374. Muitos dos meus colegas me conheciam pelo meu número e não pelo meu nome, o que é muito triste.”
Recentemente foi divulgado que uma criança ganha em média R$500 por mês nos semáforos de São Paulo. Existe uma estrutura que acompanha esse tipo de atividade: a criança deixa de ir à escola, familiares e adultos através da violência física forçam ela a sempre voltar para casa com algum dinheiro e esse ciclo de miséria e subdesenvolvimento é continuado ou perpetuado.
Precisamos fiscalizar e valorizar os políticos bem como ONG’s que priorizam a educação e as inovações para combater esse ciclo de pobreza. Essa história de Roberto Carlos representa a esperança de que uma vida marcada pela miséria, drogas, violência e vida na rua, pode mudar e ser uma vida de desenvolvimento. Só assim conseguiremos atingir um nível de país prazeroso de se viver.
Para conhecer um pouco mais sobre Roberto Carlos: www.robertocarloscontahistoria.com.br
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
Não, não é o rei que todo final de ano canta na Globo, nem o lateral esquerdo do Real Madrid e da nossa seleção. Esse é Roberto Carlos Ramos, mestre em pedagogia pela Unicamp, pós-graduado em literatura infantil pela Puc-MG e premiado como um dos dez maiores contadores de história da atualidade pela Associação Internacional de Contadores e Valorizadores da Expressão Oral, sediada nos Estados Unidos. Seu histórico durante a infância e a juventude não é das mais brilhantes: mais de uma centena de fugas da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de Minas Gerais, começou a usar cola aos 11, maconha anos depois e roubou nas ruas de Belo Horizonte. Sua vida até aquele ponto se resumia a: roubar, usar drogas, ir para a Febem, fugir de lá e roubar mais, respeitando sempre os idosos e as gestantes, segundo Roberto Carlos. Ele não sabia o que queria ser quando crescesse. Pensava que os maus tratos que recebia eram por não ter uma resposta correta para pronunciar. Um dia, resolveu falar, inspirado num filme, que queria ser astronauta. Sentiu-se feliz da vida ao notar que a professora, satisfeita com a declaração, prometeu encaminhá-lo para uma escola de astronautas. Chegando lá, deram-lhe uma enxada, algo muito diferente da nave espacial com que sonhou.
Rejeitado pela sociedade e sem nenhuma perspectiva sua vida estava destinada à morte violenta ou passar a vida em algum presídio, talvez até fazer amizade com o Fernandinho Beira-Mar. Passou a roubar tanto que até os idosos e as gestantes não escapavam mais, até mesmo em pleno Natal.
Na Febem ao ser analisado por “especialistas” recebeu a seguinte classificação: irrecuperável. Caso perdido, perda de tempo e de recursos. A vida de Roberto Carlos mudou quando ele conheceu uma pesquisadora francesa (Marguerit Duvas) que buscava conhecer melhor a maravilhosa Febem. Quando ela ficou sabendo que Roberto Carlos havia sido avaliado como caso irrecuperável ela não acreditou que era possível condenar uma pessoa tão jovem daquela forma. Acolheu o garoto na sua própria casa aqui no Brasil e ofereceu-lhe educação. Roberto Carlos, cidadão brasileiro, foi alfabetizado primeiro em francês e então aprendeu o português. A francesa percebeu que o comportamento do “irrecuperável” era diferente dos garotos “normais” da sua idade, então adaptou os professores particulares para maximizar o aprendizado de Roberto Carlos. Aprendeu a ler e a escrever em alguns meses, coisa que em 13 anos não tinha conseguido.
A gringa tinha a visão de que todos somos diferentes e que essas diferenças devem ser respeitadas, assim como todos devem ter chances para terem uma vida digna, não só através da esperança e da fé, mas principalmente através da educação. E em entrevista recente parece que Roberto Carlos aprendeu essa lição ao responder se ele acreditava em pessoas irrecuperáveis: “Não. O que existe na verdade são pessoas que não foram entendidas, amadas ou oportunizadas adequadamente. O que falta muitas vezes nessas instituições é um grande exercício de tolerância. Quando você trata com o coletivo e deixa de lado a individualidade, gera esses desastres que acontecem com as Febems e Funabems. No terceiro milênio, infelizmente estamos vivendo isso ainda. Algumas instituições acham que podem trabalhar com dois, três mil alunos. Eu era um número, o 374. Muitos dos meus colegas me conheciam pelo meu número e não pelo meu nome, o que é muito triste.”
Recentemente foi divulgado que uma criança ganha em média R$500 por mês nos semáforos de São Paulo. Existe uma estrutura que acompanha esse tipo de atividade: a criança deixa de ir à escola, familiares e adultos através da violência física forçam ela a sempre voltar para casa com algum dinheiro e esse ciclo de miséria e subdesenvolvimento é continuado ou perpetuado.
Precisamos fiscalizar e valorizar os políticos bem como ONG’s que priorizam a educação e as inovações para combater esse ciclo de pobreza. Essa história de Roberto Carlos representa a esperança de que uma vida marcada pela miséria, drogas, violência e vida na rua, pode mudar e ser uma vida de desenvolvimento. Só assim conseguiremos atingir um nível de país prazeroso de se viver.
Para conhecer um pouco mais sobre Roberto Carlos: www.robertocarloscontahistoria.com.br
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
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