População: 427.000
Menos de 1 hora de trem separam Viena de Bratislava, mas quanta diferença.
Não se trata de viajar de trem, mas de uma viagem espacial e temporal. É como entrar em um túnel que lhe transporta para uma outra dimensão. É colocar a prova todos os sentidos.
Ainda que Viena tenha recebido alguma influência soviética é muito sutil seus resquícios. O oposto pode ser dito de Bratislava aonde impera o estilo soviético e a influência ocidental-capitalista ainda é saliente.
Confesso que inúmeras são as vezes que provo ter um gosto excêntrico e gostar de particularidades que poucas pessoas compartilham, mas para apreciar Bratislava é preciso ter paciência, é preciso dar tempo ao tempo, deixar os seus sentidos se acostumarem com novos padrões. A capital da Eslováquia vai aos poucos aguçando suas características e seus sentidos captando. Uma beleza que requer tempo para perceber que ela está ali.
Bratislava realmente não é destino de um turismo típico e tradicional. Não que seja uma cidade feia sem nenhum atrativo, mas é preciso convocar traduções. Interpretações que assim como a senha do banco são particulares, pessoais e intransferíveis.
A Bratislava particular das estátuas de metal espalhadas pelo centro da cidade. Da praia artificial montada na beira do rio. Do velho medieval contrastando com os guindastes que erguem o novo.
A Bratislava pessoal que reúne a vida (nas cores do grafite) e a morte (em velhos prédios abandonados). A arte em uma improvável galeria ao céu aberto em uma das várias vielas medievais. As pessoas dormindo nos gramados a beira rio como se o mundo fosse o que deveria ser, calmo e leve.
A Bratislava intransferível das desertas ruas centrais em plena tarde de sábado. A vista da cidade com seu castelo debruçado na velha ponte da cidade.
As melhores cidades são aquelas cujo desconhecido nos encaram. Nos obrigam a fazer uma leitura e uma interpretação inteiramente particular, própria. Ninguém falou que era desse jeito ou se parecia com aquilo. O total desconhecido. Como pegar um livro e começar apreciando sua capa para formular as primeiras impressões e então aos poucos ler e explorar o seu interior, a sua essência. Um todo esperando para ser desbravado.
Após visitar países tão ricos e desenvolvidos como Alemanha, Finlândia e Áustria o que sentir ao ver um amontoado de lixo na calçada? Moradores de rua?
Confesso que o Brasil foi a primeira coisa que me veio na cabeça. Incrível que tão longe do Brasil e tão perto ao mesmo tempo. No fim não somos tão diferentes assim. Nada como o contraste para nos ensinar. Tão próximos e tão diferentes. A Europa como nunca havia imaginado, uma Europa cheia de contrastes e diversificada.
A foto abaixo ilustra bem a minha Bratislava.
Onde a vida é simples, sem luxos, sem riquezas, mas ainda assim vivida em uma maneira bela e toda única.
BRATISLAVA MUSIC
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