segunda-feira, outubro 20, 2008

BRATISLAVA, Eslováquia - LIKE NO OTHER

População: 427.000

Menos de 1 hora de trem separam Viena de Bratislava, mas quanta diferença.
Não se trata de viajar de trem, mas de uma viagem espacial e temporal. É como entrar em um túnel que lhe transporta para uma outra dimensão. É colocar a prova todos os sentidos.
Ainda que Viena tenha recebido alguma influência soviética é muito sutil seus resquícios. O oposto pode ser dito de Bratislava aonde impera o estilo soviético e a influência ocidental-capitalista ainda é saliente.







Confesso que inúmeras são as vezes que provo ter um gosto excêntrico e gostar de particularidades que poucas pessoas compartilham, mas para apreciar Bratislava é preciso ter paciência, é preciso dar tempo ao tempo, deixar os seus sentidos se acostumarem com novos padrões. A capital da Eslováquia vai aos poucos aguçando suas características e seus sentidos captando. Uma beleza que requer tempo para perceber que ela está ali.




Bratislava realmente não é destino de um turismo típico e tradicional. Não que seja uma cidade feia sem nenhum atrativo, mas é preciso convocar traduções. Interpretações que assim como a senha do banco são particulares, pessoais e intransferíveis.

A Bratislava particular das estátuas de metal espalhadas pelo centro da cidade. Da praia artificial montada na beira do rio. Do velho medieval contrastando com os guindastes que erguem o novo.




A Bratislava pessoal que reúne a vida (nas cores do grafite) e a morte (em velhos prédios abandonados). A arte em uma improvável galeria ao céu aberto em uma das várias vielas medievais. As pessoas dormindo nos gramados a beira rio como se o mundo fosse o que deveria ser, calmo e leve.





A Bratislava intransferível das desertas ruas centrais em plena tarde de sábado. A vista da cidade com seu castelo debruçado na velha ponte da cidade.





As melhores cidades são aquelas cujo desconhecido nos encaram. Nos obrigam a fazer uma leitura e uma interpretação inteiramente particular, própria. Ninguém falou que era desse jeito ou se parecia com aquilo. O total desconhecido. Como pegar um livro e começar apreciando sua capa para formular as primeiras impressões e então aos poucos ler e explorar o seu interior, a sua essência. Um todo esperando para ser desbravado.


Após visitar países tão ricos e desenvolvidos como Alemanha, Finlândia e Áustria o que sentir ao ver um amontoado de lixo na calçada? Moradores de rua?
Confesso que o Brasil foi a primeira coisa que me veio na cabeça. Incrível que tão longe do Brasil e tão perto ao mesmo tempo. No fim não somos tão diferentes assim. Nada como o contraste para nos ensinar. Tão próximos e tão diferentes. A Europa como nunca havia imaginado, uma Europa cheia de contrastes e diversificada.




A foto abaixo ilustra bem a minha Bratislava.
Onde a vida é simples, sem luxos, sem riquezas, mas ainda assim vivida em uma maneira bela e toda única.





BRATISLAVA MUSIC

domingo, outubro 19, 2008

WIEN, ÖSTERREICH - Será que Freud explica?

População: 1.700.000

Viena é uma cidade muito especial, uma cidade adorável. Das cidades européias visitadas foi a que eu mais me apeguei.


É uma cidade bonita, mas não é belíssima.

Apesar do bacana parque de diversão com sua roda gigante (Riesenrad), um centro cheio de história e construções antigas com uma bela arquitetura. O Palácio Schönbrunn e seus enormes e coloridos jardins. A cidade que já foi chamada de “maçã de ouro” pelos otomanos.



É uma cidade grande, mas não é uma metrópole.

Com uma população de 1,6 milhão de habitantes, excelente rede de transporte público comparável com qualquer grande cidade do mundo, inúmeras opções de entretenimento e cultura de destaque internacional. Tudo isso sem problemas de filas, tumultos, confusão ou resumindo em duas palavras, sem muvuca. Estresse é realmente uma opção difícil de entender, porque a cidade só propicia o oposto.


É uma cidade calma, mas não é uma cidade morta.

Muitos parques, museus, bares, opções de espaços públicos e privados que buscam entreter e relaxar as pessoas, mas não são em nada pacatos e sim agradáveis, cheios de energia, músicas e bebidas.

É uma cidade viva, mas não é uma cidade caótica.

Com muitas opções de bares, restaurantes, lojas de compras. De certo modo é uma cidade que consegue atender as demandas de todos os tipos e gostos. São tantas opções e escolhas que é difícil não se deixar envolver pela riqueza não material da cidade. Apesar da calma a cidade transpira vida, com ordem.


É uma cidade rica, mas não é esnobe.

Lixo e sujeira na rua são muito raros, o sistema de transporte é de qualidade através de trens, bondes e metrô. Toda a estrutura de uma sociedade desenvolvida e rica estão ali, hospitais, escolas, universidade. A renda é visivelmente elevada. A história não nega o passado imperial de Viena. Mas nem por isso aqueles que ali habitam são arrogantes ou desrespeitosos.






É uma cidade artística, mas não é nenhum umbigo universal das artes.

Com o espetacular complexo Quartier que democratiza a arte. A arte interativa, diferente e muito próxima de todos. A arte em suas inúmeras formas de expressão. A arte que vai desde a criança até os velhos. "Arte para todos", eis o lema do Quartier, e sem dúvidas foi uma verdadeira aula para mim, aprendi tanto sem ouvir uma única palavra, basta aguçar todos os sentidos. Para a audição um DJ no meio da praça fazendo sua performance de música rock-eletrônica. Para a visão várias construções de arquitetura variada, além das cores e formas. Para o paladar opções de restaurantes com cardápios variados. Para o tato o contraste das linhas e curvas. E para o olfato? O aroma de arte presente no ar!

É uma cidade antiga, mas não é medieval.

Com inúmeras construções que datam do período em que o Brasil ainda não era descoberto, nem é preciso ir até um museu para perceber que é uma cidade antiga. Porém é igualmente evidente que ela soube se reciclar e se transformar ao longo do tempo realizando atualizações e acompanhando as mudanças do tempo. Uma influência passada germânica, outra soviética, também tem uma pitada de cultura americana.


É uma cidade moderna, mas não é futurista.

Com prédios novos de aço e vidro que de noite acendem luzes formando figuras em movimentos. Com piscina artificial montada dentro do rio Danúbio, churrasquinho na "praia" ao lado e na outra margem música ao vivo.


Deixar Viena para trás foi uma das decisões mais difíceis que tive de tomar. Tamanha apegação não encontrei explicação racional ou irracional. Será que o austríaco Freud, que estudou na Universidade de Viena, explica?


Juntamente Suíça e Áustria sediaram a última edição da Euro Copa, a maior da história atraindo inúmeros turistas e torcedores, além de alegria.


Certamente é um evento mais próximo que pude presenciar de uma Copa do Mundo. Aliás para muitos fanáticos por futebol é um evento muito mais interessante do que a Copa do Mundo porque o nível das equipes participantes é mais elevada. Pude presenciar em Viena um show de organização para um evento dessa magnitude. Muitos banheiros, comida e bebida caras, mas não abusivas. Pude presenciar a rivalidade entre poloneses e alemães, expondo feridas passadas que não cicatrizaram. Também vi o futebol unindo torcidas de nações tão diferentes.





Será que o Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo? Acho que sediar sim, mas oferecer entretenimento com qualidade e retorno para o investimento necessário NÃO!!!

Quando alguém falar que o Brasil deveria ser sede de Copas ou mesmo uma Olimpíada acho que deveriam antes olhar pra taxa de analfabetismo e tomar vergonha na cara. Obviamente Suíça e Áustria possuem problemas e ainda assim realizaram em conjunto a melhor Euro Copa da história, mas nem se comparam com os problemas que temos por aqui.