Algumas semanas atrás o astronauta Marcos César Pontes entrou para a história do Brasil como o primeiro brasileiro a ir para o espaço. Depois de anos de treinamento em Houston nos Estados Unidos, o brasileiro esperava em uma fila na qual provavelmente nunca iria para o espaço embora a participação do Brasil na Estação Espacial Internacional permita realizar experimentos e até mesmo enviar um astronauta. Pagando 10 milhões de dólares aos russos o governo brasileiro “furou” a fila e conseguiu enviar seu astronauta.
Desde criança tenho uma atração pelo espaço, talvez seja aquele sonho de infância de querer ser astronauta, poder ficar flutuando na ausência da gravidade. Sendo assim acompanho na medida do possível as notícias relacionadas ao tema, alguns detalhes do programa espacial norte americano que é o mais desenvolvido e aberto para as pessoas. Minha visão sobre a ida do brasileiro para o espaço é de total apoio, não somente pelo feito na área espacial brasileira, mas por toda a história envolvida.
Marcos Cesar Pontes natural de Bauru (interior de São Paulo) começou como aprendiz de eletricista por um curso no Senai. Sempre estudou em escola pública. Nas visitas ao Aeroclube de Bauru e à AFA (Academia da Força Aérea), onde o tio fazia manutenção de aeronaves, pegou gosto pela aviação. Acabou se formando em engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 1996 se inscreveu no processo de seleção para astronauta e foi escolhido. Mudou para Houston onde treinou no Centro Espacial Johnson até 2000 quando foi declarado apto para vôo espacial, mas enquanto seus colegas de turma eram escalados para vôos espaciais Marcos Ponte aguardava na fila. Fatores burocráticos começaram a surgir. O governo brasileiro se indispôs a pagar sua parte na construção da Estação Espacial Internacional orçado em pouco menos de 200 milhões de dólares. Para piorar, em 1º de fevereiro de 2003, o ônibus espacial americano Columbia explodiu no retorno à Terra, matando sete astronautas. Assim o programa espacial norte americano com os ônibus espaciais foi paralisado bem como a fila para o astronauta brasileiro. Todas inclusive Pontes achavam que o Brasil teria o astronauta que não voou.
Enquanto Marcos Pontes estava no espaço nada demais ocorria por aqui. Mensalistas sendo absolvidos, deputada Angela Guadagnin dançando no plenário, orçamento de 2006 não aprovado em pleno mês de abril, presidente Lula viajando na maionese. Tudo dentro da normalidade. Adotei a tese de que o Brasil parou no tempo. Alguns aspectos são os mesmos desde que Cabral chegou aqui. Vide desigualdade, saúde e educação. Na conversa com Marcos Pontes direto da Estação Espacial Internacional o presidente Lula fazia mais um de seus discursos onde nem mesmo ele sabe do que se trata, enquanto isso o vice Alencar, sentado ao seu lado, parecia estar em outra dimensão ou perdido no espaço de tanto tédio que suas expressões demonstravam.
Logo após o pouso em terra firme de volta da grande viajem Marcos Pontes declarou: “Com persistência se chega aonde se quer”. Muitas entrevistas, fotos com o presidente, passeata com caminhão dos bombeiros, mas nem chega perto de uma comemoração futebolística.
Na minha visão a ida do astronauta Marcos Pontes ao espaço foi uma oportunidade única de exaltação da vitória e do sucesso com trabalho e dedicação. Em tempos de mensalão, imunidade parlamentar e empresários inescrupulosos que conseguem fazer suas esposas gastarem uma montanha de dinheiro em lingeries na daslu, Marcos Pontes mostra que todos podem independente de suas limitações realizar os sonhos de vida, não precisando se beneficiar dos “Valério-dutos” da vida.
Infelizmente para muitos Marcos Pontes foi passear no espaço em benefício próprio com o dinheiro do contribuinte. Para alguns membros da comunidade científica o dinheiro seria melhor empregado de outras maneiras como o financiamento de bolsas de estudos para pós-graduação de cientistas. Sem dúvida que investir na especialização e estudos como o financiamento de mestrado e doutorado no exterior é um bom investimento para o desenvolvimento do Brasil, contudo “estranhamente” muitos desses cientistas e bolsistas financiados que vão estudar no exterior acabam não voltando. Só para dar uma amostra recentemente um jornal fez uma pesquisa dos cientistas brasileiros mais promissores, isto é, menos de 35 anos de idade e reconhecidos internacionalmente. Dos cinco citados três estão nos Estados Unidos, um trabalha na Cia. Vale do Rio Doce, mas prestou serviços para a Nasa e o outro está ligado à USP. O financiamento à pós representa em si no Brasil financiar um privilegiado. Partindo para a hipocrisia então deveríamos empregar os 10 milhões de dólares para erradicar o analfabetismo neste país.
É possível discutir infinitamente se o dinheiro dispendido foi bem gasto ou não. Mas acho indiscutível que Marcos Pontes cumpriu com seu papel, exaltando o nacionalismo e o sucesso em um país tão carente de bons exemplos. Basta ligar a televisão ou abrir os jornais para descobrirmos. Quantos ministros caíram por meras denúncias? Quantos deputados acusados? Quantos empresários envolvidos em esquemas ilícitos? Se Pontes conseguiu atingir a milhões de crianças e mesmo que somente uma entre elas se transformar em um “Bill Gates” oferecendo milhares de empregos de elevado valor já não terá valido a pena? E se desses milhões mais da metade crescerem sabendo que podem ir longe, podem sonhar? Que podem mudar o bairro, a cidade, o país?
Não acredito que dez milhões podem transformar um país, mas se não pensarmos no futuro estaremos eternamente perpetuando o status quo que se mostra falido, mesmo que para isso seja preciso enviar um brasileiro para o espaço a cada 506 anos.
Desde criança tenho uma atração pelo espaço, talvez seja aquele sonho de infância de querer ser astronauta, poder ficar flutuando na ausência da gravidade. Sendo assim acompanho na medida do possível as notícias relacionadas ao tema, alguns detalhes do programa espacial norte americano que é o mais desenvolvido e aberto para as pessoas. Minha visão sobre a ida do brasileiro para o espaço é de total apoio, não somente pelo feito na área espacial brasileira, mas por toda a história envolvida.
Marcos Cesar Pontes natural de Bauru (interior de São Paulo) começou como aprendiz de eletricista por um curso no Senai. Sempre estudou em escola pública. Nas visitas ao Aeroclube de Bauru e à AFA (Academia da Força Aérea), onde o tio fazia manutenção de aeronaves, pegou gosto pela aviação. Acabou se formando em engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 1996 se inscreveu no processo de seleção para astronauta e foi escolhido. Mudou para Houston onde treinou no Centro Espacial Johnson até 2000 quando foi declarado apto para vôo espacial, mas enquanto seus colegas de turma eram escalados para vôos espaciais Marcos Ponte aguardava na fila. Fatores burocráticos começaram a surgir. O governo brasileiro se indispôs a pagar sua parte na construção da Estação Espacial Internacional orçado em pouco menos de 200 milhões de dólares. Para piorar, em 1º de fevereiro de 2003, o ônibus espacial americano Columbia explodiu no retorno à Terra, matando sete astronautas. Assim o programa espacial norte americano com os ônibus espaciais foi paralisado bem como a fila para o astronauta brasileiro. Todas inclusive Pontes achavam que o Brasil teria o astronauta que não voou.
Enquanto Marcos Pontes estava no espaço nada demais ocorria por aqui. Mensalistas sendo absolvidos, deputada Angela Guadagnin dançando no plenário, orçamento de 2006 não aprovado em pleno mês de abril, presidente Lula viajando na maionese. Tudo dentro da normalidade. Adotei a tese de que o Brasil parou no tempo. Alguns aspectos são os mesmos desde que Cabral chegou aqui. Vide desigualdade, saúde e educação. Na conversa com Marcos Pontes direto da Estação Espacial Internacional o presidente Lula fazia mais um de seus discursos onde nem mesmo ele sabe do que se trata, enquanto isso o vice Alencar, sentado ao seu lado, parecia estar em outra dimensão ou perdido no espaço de tanto tédio que suas expressões demonstravam.
Logo após o pouso em terra firme de volta da grande viajem Marcos Pontes declarou: “Com persistência se chega aonde se quer”. Muitas entrevistas, fotos com o presidente, passeata com caminhão dos bombeiros, mas nem chega perto de uma comemoração futebolística.
Na minha visão a ida do astronauta Marcos Pontes ao espaço foi uma oportunidade única de exaltação da vitória e do sucesso com trabalho e dedicação. Em tempos de mensalão, imunidade parlamentar e empresários inescrupulosos que conseguem fazer suas esposas gastarem uma montanha de dinheiro em lingeries na daslu, Marcos Pontes mostra que todos podem independente de suas limitações realizar os sonhos de vida, não precisando se beneficiar dos “Valério-dutos” da vida.
Infelizmente para muitos Marcos Pontes foi passear no espaço em benefício próprio com o dinheiro do contribuinte. Para alguns membros da comunidade científica o dinheiro seria melhor empregado de outras maneiras como o financiamento de bolsas de estudos para pós-graduação de cientistas. Sem dúvida que investir na especialização e estudos como o financiamento de mestrado e doutorado no exterior é um bom investimento para o desenvolvimento do Brasil, contudo “estranhamente” muitos desses cientistas e bolsistas financiados que vão estudar no exterior acabam não voltando. Só para dar uma amostra recentemente um jornal fez uma pesquisa dos cientistas brasileiros mais promissores, isto é, menos de 35 anos de idade e reconhecidos internacionalmente. Dos cinco citados três estão nos Estados Unidos, um trabalha na Cia. Vale do Rio Doce, mas prestou serviços para a Nasa e o outro está ligado à USP. O financiamento à pós representa em si no Brasil financiar um privilegiado. Partindo para a hipocrisia então deveríamos empregar os 10 milhões de dólares para erradicar o analfabetismo neste país.
É possível discutir infinitamente se o dinheiro dispendido foi bem gasto ou não. Mas acho indiscutível que Marcos Pontes cumpriu com seu papel, exaltando o nacionalismo e o sucesso em um país tão carente de bons exemplos. Basta ligar a televisão ou abrir os jornais para descobrirmos. Quantos ministros caíram por meras denúncias? Quantos deputados acusados? Quantos empresários envolvidos em esquemas ilícitos? Se Pontes conseguiu atingir a milhões de crianças e mesmo que somente uma entre elas se transformar em um “Bill Gates” oferecendo milhares de empregos de elevado valor já não terá valido a pena? E se desses milhões mais da metade crescerem sabendo que podem ir longe, podem sonhar? Que podem mudar o bairro, a cidade, o país?
Não acredito que dez milhões podem transformar um país, mas se não pensarmos no futuro estaremos eternamente perpetuando o status quo que se mostra falido, mesmo que para isso seja preciso enviar um brasileiro para o espaço a cada 506 anos.
Ruy Hirano, 21, estudante de administração.
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