Realizada pela Confederação Nacional do Transporte anualmente, a pesquisa rodoviária sobre as condições das estradas brasileiras estudou 82 mil quilômetros e analisando os aspectos pavimentação, sinalização e geometria, chegou-se a seguinte conclusão: 72% das rodovias brasileiras são classificadas como “deficientes”, “ruins” ou “péssimas”. O Brasil apesar de suas dimensões geográficas e por seu histórico de preferência pelo meio rodoviário possui somente 180 mil quilômetros de estradas pavimentadas o que fica ainda mais ridículo quando comparado com outros países, Espanha (343 mil), Inglaterra (371 mil), Alemanha (650 mil), França (892 mil) e pasmem Japão (863 mil quilômetros de estradas pavimentadas). Isso mesmo um conjunto de ilhas na Ásia possui quase 5 vezes mais estradas do que um país continental como o Brasil, e a qualidade dessas estradas não precisa nem comentar.
Quando o meio de transporte é o ferroviário o Brasil de hoje está pior do que em 1940. Naquela época eram 34 mil quilômetros de estradas de ferro e atualmente são menos de 30 mil quilômetros. Os portos estão todos operando em capacidade máxima e os investimentos realizados pelo Estado são insuficientes para atender adequadamente às exportações. Na área de energia já surgem discussões de uma possível segunda edição do apagão para os próximos anos, os mais otimistas projetam para 2010, os investimentos realizados são poucos e insuficientes para sustentar um crescimento econômico contínuo.
Para contrapor a apatia brasileira a tão famigerada China cresce a duas décadas e meia a uma taxa de 9,5% ao ano. Dados divulgados no terceiro semestre deste ano já indicam crescimento de 9,4% apesar dos esforços do governo chinês para conter o crescimento. Recentemente ocorreu o Salão de Planejamento Urbano de Xangai, a maior metrópole da China. Grande destaque do evento é a Cidade do Futuro, uma maquete do tamanho de uma quadra de basquete com detalhes que representam a Xangai de 2020. Lá estão representadas todas as obras e construções a serem realizadas nos próximos 15 anos na cidade habitada atualmente por 15 milhões de pessoas. Desde autopistas, linhas de metrô, centros de pesquisa, indústrias e arranha-céus até escolas, universidades e conjuntos residenciais. Tudo ali representado com riquíssimo nível de detalhamento. (Aquela maquete representa não somente um belo sonho, mas o que os chineses querem ser, os seus objetivos e metas dentro de 15 anos). E pelo andar das coisas os planos da China e de Xangai não são brincadeira. Neste ano Xangai se tornará a capital mundial dos arranha-céus. Contando com cerca de 4000 desses edifícios, quase o dobro do que em Nova York, deve encerrar a década com mil novos arranha-céus.
Em outra parte do mundo há um outro caso inacreditável de sonho, planejamento e transformação da sociedade. Esse caso foi anos atrás um plano como é Xangai atualmente. Estou falando de Dortmund na Alemanha. Dortmund conta com uma população de 600.000 habitantes, terceira maior cidade da região, que concentra 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha. Na história recente a economia da cidade era baseada nas industrias do carvão, aço e cerveja (bebidas). Com o processo de globalização e a entrada de competidores globais nesses setores com custos mais competitivos (países como a China) a economia da cidade entrou em declínio.
Perante os novos desafios a cidade decidiu por uma parceria público-privada (que ainda engatinha no Brasil). De novembro de 1999 até maio de 2000 foi firmado o projeto entre a cidade de Dortmund, a empresa ThyssenKrupp AG e a consultoria McKinsey & Company. Isso mesmo, um projeto de transformação de uma cidade inteira com conseqüências em toda a Europa. Lançado em junho de 2000 o Projeto-Dortmund (www.dortmund-project.com) tem como lema “Investment, not subsidies” e meta principal criar 70 mil novos empregos até 2010 atraindo investimentos internos e externos.
O projeto foca nas áreas de tecnologia da informação (TI), micro-eletrônica (micro-eletronic-mechanical systems - MEMS) e logística eletrônica (e-log), prevendo apoio às empresas tradicionais ajudando na modernização e reorganização para que a velha e a nova economia possam aproveitar sinergias. Existem seis objetivos principais que basicamente são: atração de empresas high-tech de países externos, apoio à velha economia para um crescimento conjunto com a nova, cuidados com o ensino e a geração de mão-de-obra qualificada, planejamento urbano para garantir crescimento econômico e demográfico mantendo elevada qualidade de vida, redução de processos burocráticos economizando tempo e dinheiro para as empresas e realização de parcerias público-privadas. Para alcançar seus objetivos serão investidos mais de 500 milhões de euros (uma ninharia quando comparado ao que é mal gasto em programas sociais no Brasil como o projeto Fome Zero, que em nada contribui em termos de avanços econômicos, contudo é importante lembrar que o Brasil ainda não conta com uma população educada com acesso ao ensino superior como a população de Dortmund já tinha acesso antes mesmo do declínio da velha economia).
Dortmund transformou-se em um dos centros de ensino na Europa concentrando universidades e institutos de pesquisa. Somente Dortmund possui 25 institutos científicos voltados somente para software e TI. A maquete de Dortmund em 2010 é ser vista como a e-city européia, isto é, uma cidade referência na Europa pela economia de moderna de alta tecnologia.
“Quando começou o governo Juscelino Kubitschek, em 1956, o Brasil não produzia um único automóvel. Todos eram importados. Cinco anos depois, no fim do mandato de JK, a produção brasileira anual já atingia 132 mil veículos. Nesses mesmos cinco anos, a capacidade de produção de energia elétrica cresceu 66%, a produção de aço dobrou, a de petróleo foi multiplicada por 11 e a de papel e celulose avançou 122%... (desenvolvimento) se baseou em esquema tripartite, com participações de capitais nacionais, estatais e estrangeiros”. Trecho do artigo “Xangai está certa” de Benjamin Steinbruch publicado em 30 de agosto de 2005.
Fato é que não podemos ficar de braços cruzados amargando a crise política e afundando na desesperança neste país. Acordei neste domingo e assisti pela televisão projetos brasileiros bem sucedidos, a evolução da ginástica e do iatismo no Brasil. O Brasil foi novamente ouro na ginástica, desta vez na categoria ginástica rítmica no pré-panamericano. Quem diria anos atrás que o Brasil seria uma potência na ginástica? No iatismo Robert Scheidt dispensa comentários e pela primeira vez na história o Brasil participa do torneio de volta ao mundo. O barco Brasil1 foi totalmente construído no Brasil com tecnologia e engenharia brasileira. Até agora o desempenho supera todas as expectativas. Essa evolução sem precedentes pelo menos no esporte e que pode ser aplicada em qualquer outra área revela que sem sonho, planejamento e execução com seriedade nada vai para frente.
Quando o meio de transporte é o ferroviário o Brasil de hoje está pior do que em 1940. Naquela época eram 34 mil quilômetros de estradas de ferro e atualmente são menos de 30 mil quilômetros. Os portos estão todos operando em capacidade máxima e os investimentos realizados pelo Estado são insuficientes para atender adequadamente às exportações. Na área de energia já surgem discussões de uma possível segunda edição do apagão para os próximos anos, os mais otimistas projetam para 2010, os investimentos realizados são poucos e insuficientes para sustentar um crescimento econômico contínuo.
Para contrapor a apatia brasileira a tão famigerada China cresce a duas décadas e meia a uma taxa de 9,5% ao ano. Dados divulgados no terceiro semestre deste ano já indicam crescimento de 9,4% apesar dos esforços do governo chinês para conter o crescimento. Recentemente ocorreu o Salão de Planejamento Urbano de Xangai, a maior metrópole da China. Grande destaque do evento é a Cidade do Futuro, uma maquete do tamanho de uma quadra de basquete com detalhes que representam a Xangai de 2020. Lá estão representadas todas as obras e construções a serem realizadas nos próximos 15 anos na cidade habitada atualmente por 15 milhões de pessoas. Desde autopistas, linhas de metrô, centros de pesquisa, indústrias e arranha-céus até escolas, universidades e conjuntos residenciais. Tudo ali representado com riquíssimo nível de detalhamento. (Aquela maquete representa não somente um belo sonho, mas o que os chineses querem ser, os seus objetivos e metas dentro de 15 anos). E pelo andar das coisas os planos da China e de Xangai não são brincadeira. Neste ano Xangai se tornará a capital mundial dos arranha-céus. Contando com cerca de 4000 desses edifícios, quase o dobro do que em Nova York, deve encerrar a década com mil novos arranha-céus.
Em outra parte do mundo há um outro caso inacreditável de sonho, planejamento e transformação da sociedade. Esse caso foi anos atrás um plano como é Xangai atualmente. Estou falando de Dortmund na Alemanha. Dortmund conta com uma população de 600.000 habitantes, terceira maior cidade da região, que concentra 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha. Na história recente a economia da cidade era baseada nas industrias do carvão, aço e cerveja (bebidas). Com o processo de globalização e a entrada de competidores globais nesses setores com custos mais competitivos (países como a China) a economia da cidade entrou em declínio.
Perante os novos desafios a cidade decidiu por uma parceria público-privada (que ainda engatinha no Brasil). De novembro de 1999 até maio de 2000 foi firmado o projeto entre a cidade de Dortmund, a empresa ThyssenKrupp AG e a consultoria McKinsey & Company. Isso mesmo, um projeto de transformação de uma cidade inteira com conseqüências em toda a Europa. Lançado em junho de 2000 o Projeto-Dortmund (www.dortmund-project.com) tem como lema “Investment, not subsidies” e meta principal criar 70 mil novos empregos até 2010 atraindo investimentos internos e externos.
O projeto foca nas áreas de tecnologia da informação (TI), micro-eletrônica (micro-eletronic-mechanical systems - MEMS) e logística eletrônica (e-log), prevendo apoio às empresas tradicionais ajudando na modernização e reorganização para que a velha e a nova economia possam aproveitar sinergias. Existem seis objetivos principais que basicamente são: atração de empresas high-tech de países externos, apoio à velha economia para um crescimento conjunto com a nova, cuidados com o ensino e a geração de mão-de-obra qualificada, planejamento urbano para garantir crescimento econômico e demográfico mantendo elevada qualidade de vida, redução de processos burocráticos economizando tempo e dinheiro para as empresas e realização de parcerias público-privadas. Para alcançar seus objetivos serão investidos mais de 500 milhões de euros (uma ninharia quando comparado ao que é mal gasto em programas sociais no Brasil como o projeto Fome Zero, que em nada contribui em termos de avanços econômicos, contudo é importante lembrar que o Brasil ainda não conta com uma população educada com acesso ao ensino superior como a população de Dortmund já tinha acesso antes mesmo do declínio da velha economia).
Dortmund transformou-se em um dos centros de ensino na Europa concentrando universidades e institutos de pesquisa. Somente Dortmund possui 25 institutos científicos voltados somente para software e TI. A maquete de Dortmund em 2010 é ser vista como a e-city européia, isto é, uma cidade referência na Europa pela economia de moderna de alta tecnologia.
“Quando começou o governo Juscelino Kubitschek, em 1956, o Brasil não produzia um único automóvel. Todos eram importados. Cinco anos depois, no fim do mandato de JK, a produção brasileira anual já atingia 132 mil veículos. Nesses mesmos cinco anos, a capacidade de produção de energia elétrica cresceu 66%, a produção de aço dobrou, a de petróleo foi multiplicada por 11 e a de papel e celulose avançou 122%... (desenvolvimento) se baseou em esquema tripartite, com participações de capitais nacionais, estatais e estrangeiros”. Trecho do artigo “Xangai está certa” de Benjamin Steinbruch publicado em 30 de agosto de 2005.
Fato é que não podemos ficar de braços cruzados amargando a crise política e afundando na desesperança neste país. Acordei neste domingo e assisti pela televisão projetos brasileiros bem sucedidos, a evolução da ginástica e do iatismo no Brasil. O Brasil foi novamente ouro na ginástica, desta vez na categoria ginástica rítmica no pré-panamericano. Quem diria anos atrás que o Brasil seria uma potência na ginástica? No iatismo Robert Scheidt dispensa comentários e pela primeira vez na história o Brasil participa do torneio de volta ao mundo. O barco Brasil1 foi totalmente construído no Brasil com tecnologia e engenharia brasileira. Até agora o desempenho supera todas as expectativas. Essa evolução sem precedentes pelo menos no esporte e que pode ser aplicada em qualquer outra área revela que sem sonho, planejamento e execução com seriedade nada vai para frente.
OBS: escrevi este artigo com a angustia de ver o país parado, perdido, sem sonhos e sem pretensões em um mundo cada vez menos piedoso. As únicas metas que o Brasil têm são metas de inflação e de taxa SELIC. Enquanto assistimos à novela dos senhores de Brasília na mega fábrica de pizza o tempo passa e o Brasil vai ficando cada vez mais distante do bonde.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.
Ruy Hirano, 20, estudante de administração.